E durante a gravidez?
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- Categoria: o vinho e a saúde
De todos os assuntos que relacionam o consumo de vinho à saúde das pessoas, o mais controverso, é, sem dúvida, a gravidez.
A gravidez e o parto
Um estudo publicado pela American College of Obstetricians and Gynecologists pesquisou a relação entre o consumo de vinho e as condições de gravidez e parto de mais de 5 mil mulheres, entre 2004 e 2011.
Segundo a equipe internacional envolvida na pesquisa, formada por irlandeses, ingleses, neozelandeses e australianos, o consumo moderado de vinho durante a gestação não aumenta os riscos de parto prematuro, baixo peso do bebê ao nascer, nem de pré-eclâmpsia (pressão arterial materna elevada).
No que diz respeito ao consumo abusivo de álcool, um estudo australiano, anterior a esse, já havia alertado para o risco elevado de parto prematuro nessa situação, mesmo quando interrompido a partir do 4º mês.
O desenvolvimento da criança
Pesquisadores da University College London concluíram, em um estudo publicado em 2010, que envolveu mais de 10 mil crianças, que beber vinho moderadamente durante a gestação não prejudica o desenvolvimento do bebê.
O estudo relacionou o consumo de vinho das mães durante a gravidez e a incidência de problemas emocionais, comportamentais e déficits cognitivos nas crianças, aos 5 anos de idade.
Os testes não mostraram quaisquer atrasos no desenvolvimento das crianças. A pesquisa, inclusive, apontou para eventuais benefícios do consumo moderado de vinho. Os filhos cujas mães consumiam moderadamente a bebida, quando grávidas, apresentaram 30% menos chances de desenvolver alguns problemas, como hiperatividade.
O consumo moderado durante a gestação, considerado por esses especialistas, foi o limite de duas taças de vinho por semana, em comparação à abstinência total.
Esse estudo serviu de suporte para a posição oficial das autoridades de saúde britânicas, que desencoraja o consumo de álcool por gestantes, mas reconhece que não há evidência de dano em consumir um pequeno copo de vinho, de vez em quando, após o primeiro trimestre da gestação.
Um outro estudo britânico, com 7 mil crianças de 10 anos, foi baseado nas habilidades de equilíbrio dinâmico e estático. Não houve indício, também, de prejuízo de desenvolvimento neurológico associado ao consumo moderado de vinho durante o período gestacional. Porém, mediante consumo maior que uma taça ao dia, esse estudo constatou piora no desenvolvimento escolar destas crianças.
Em 2012, na Dinamarca, pesquisadores divulgaram resultados que afirmam que o consumo moderado de álcool durante a gravidez da mãe não afeta a capacidade de uma criança de cinco anos para planejar, organizar, criar estratégias, recordar detalhes ou gerir o tempo.
Obviamente faz-se necessária muito mais pesquisa sobre as consequências desse hábito a longo prazo. Até então, a maioria das autoridades de saúde aconselham a abstinência.
Também é óbvio existe um fator cultural nessa questão. Nos EUA, por exemplo, o consenso pela abstinência total durante a gravidez é maior do que em países europeus como a Itália ou a França.
O fato é que, com o consumo crescente de vinho, no mundo, o assunto tem gerado cada vez mais interesse.
Recentemente, uma professora de economia da Universidade de Chicago lançou um livro entitulado “Expecting Better”. Nele, ela disseca as regras ditadas durante a gravidez. Para isso, foi atrás de centenas de pesquisas científicas realizadas a respeito. É claro que a obra não foi recebida com unanimidade. Críticas severas partiram, por exemplo, do U.S. National Organization on Fetal Alcohol Syndrome, que considerou a contribuição prejudicial, visto que o abuso de álcool durante a gravidez pode trazer consequências graves, como a Síndrome Alcoólica Fetal.
O consumo excessivo de álcool não é, de fato, recomendado a pessoa alguma. Nem a compulsão aguda, nem o abuso crônico. O segredo é a moderação, sempre.
Ler opiniões e estudos científicos sempre é enriquecedor. Mas, principalmente durante a gestação, é fundamental a relação de confiança com o seu médico, seguindo exemplarmente suas orientações.
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